RESUMO: As ações afirmativas propostas no vestibular nas universidades
brasileiras e a luta dos movimentos sociais têm acarretado a abertura de muitas
discussões até então negligenciadas na formação de professoras(es). A abordagem
de questões como a luta antirracista, os feminismos, o preconceito de classe, a luta
das e dos trabalhadores, o capacitismo e as dissidências sexuais e de gênero, vem
incursionando no ensino de ciências e biologia não só como assuntos novos a serem
incluídos, mas também como questionadores dos valores da biologia e suas formas
de serem ensinadas, aprendidas e avaliadas. Esses assuntos podem ser agrupados na
decolonialidade como um movimento que problematiza as relações de poder, ser e
saber constituídas na história e no presente colonial da América Latina. Movimento
que anuncia novos caminhos para pensar a justiça social considerando os saberes,
epistemologias, corpos e práticas das pessoas desprovidas da sua humanidade pelas
relações violentas da colonialidade. Neste trabalho, temos por objetivo analisar as
potencialidades de uma oficina realizada no estágio supervisionado do curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas da UFSC, para problematizar a branquitude e a
cisgeneridade, a partir do debate sobre os possíveis diálogos entre ensino de
biologia e discursos das dissidências sexuais e de gênero de territórios colonizados.
Na oficina abordamos o tema “a história do conceito hormônio” e utilizamos como
metodologia a escrita livre coletiva. Analisamos qualitativamente as narrativas
tecidas coletivamente entre professoras(es) formadoras(es) e professoras(es) em
formação, e os sentidos decoloniais sobre a branquitude e a cisgeneridade
mobilizados nesta escrita. Evidenciamos que o diálogo com vozes construídas pelas
relações coloniais como periféricas provocam insurgências, transgressões e sentidos
de justiça no ensino de ciências e biologia, tensionando o imaginário de
universalidade e o lugar de privilégio da branquitude e a cisgeneridade.
Palavras-chave:
Decolonialidade.
Educação para a Justiça social.
Educação para as relações etnicorraciais.
Formação de Professores.
Gênero eSexualidade.