Resumo
Quando se pensa nas histórias dos povos colonizados submetidos aos
conhecimentos hierarquizados e em sua relação com a escola,
podemos apontar várias consequências: a naturalização dos problemas
encontrados como ‘não problemas’, a transnacionalização de
currículos, a não problematização da realidade, a violência epistêmica,
a subalternização dos povos, entre outros. É preciso pronunciar o
mundo para que este volte problematizado, diz Freire (2005). Este
artigo analisa conhecimentos produzidos por professores formadores
da educação básica em dispositivo de formação-ação-investigação – o
observatório etnoformador, produzido a partir da etnopesquisaformação (MACEDO, 2006), de perspectiva etnometodológica –,
organizados a partir das condições de produção, um conceito
parafraseado da análise de discurso franco-brasileira, e referenciados,
ainda, fundamentalmente, nas Epistemologias do Sul. Estes
professores eram membros do Observatório Etnoformador em TimorLeste (2013-2014), um coletivo formado por seis professores
formadores que atuavam no Instituto Nacional de Formação de
Docentes e Profissionais da Educação de Timor-Leste (Infordepe).
Pretendemos refletir até que ponto os saberes e as práticas tradicionais
podem contribuir para diferentes leituras e interpretações na
perspectiva da educação timoriana. A análise mostra a natureza
contextual do conhecimento, a importância e o alcance das
interpretações e compreensões dos sujeitos sociais e culturais.
Palavras-chave: Dialogicidade. Sociedade da tradição. Educação
timoriana.