Resumo: No Ensino de Ciências (EC), uma das tendências que tem ganhado destaque é a abordagem temática com enfoque nas relações entre ciência, tecnologia e sociedade(CTS). Alguns autores têm realizado articulações entre os pressupostos do movimento CTS e as ideias de Paulo Freire para conferir maior criticidade ao EC. Nessa articulação, o conhecimento científico surge como instrumento de compreensão e intervenção na realidade dos educandos. Entretanto, é perceptível que muitas contradições sociais, como o racismo e o machismo não têm encontrado solução na ciência. Na verdade, o conhecimento eapráticacientíficatêmcontribuídoparaoaprofundamentodessascontradições. Diante desse contexto, temos como objetivo deste trabalho vislumbrar um EC de fatoemancipatório.Pretendemosproduzirreflexõesquenosauxiliemaresponder as seguintes questões: valer-se exclusivamente do conhecimento científico não seria uma resolução de um conflito (ainda dentro da lógica opressora) em vez da superação de uma contradição?; e (ii) quais conhecimentos podem ser utilizados para a superação das contradições típicas de países subdesenvolvidos? Para responder essas questões, fundamentamos nossas reflexões nos estudos decoloniais e nas Epistemologias do Sul. Defendemos que o conhecimento científico não é suficiente para superar as contradições citadas. A Ecologia de Saberes, proposta por Boaventura de Sousa Santos, é uma alternativa para a incorporação de outras formas de conhecimento no EC.
Palavras-chave: Ensino de Ciências. Decolonialidade. Epistemologias-do-Sul.