
As Ciências, especialmente as biológicas, têm sido instrumentalizadas pelo Ocidente, enraizadas em uma base cultural greco-romana-judaico-cristã-cartesiana, como meio de ocorrência violências de raça e gênero contra indivíduos que não se enquadraram nos padrões de corpo e de mentalidade imposta e impostos pela cultura branca europeia durante os processos de colonização. Esta pesquisa propõe uma fundamentação epistemológica contra-colonial - aqui no sentido literal de ser contra a ideia de colonização, portanto contra-colonial -, com base nas obras de intelectuais como Marimba Ani (1994), Oyèrónk?´ Oyewùmí (2021), Cheikh Anta Diop (1974), Bas'Ilele Malomalo (2021) e outros, que partem de perspectivas éticas e epistemológicas cujas origens culturais estão fora do Ocidente, denunciando o colonialismo europeu, fundador de estruturas como racismo, gênero, patriarcado e capitalismo, profundamente enraizados nas epistemologias inclusive \"clássicas\" nas ciências, predominantemente produzidas por HEBM (Homens Europeus Brancos e Mortos), como satirizado por Oyewùmí (2021). Esta pesquisa, de natureza qualitativa, realizou um levantamento bibliográfico dos trabalhos publicados nos Anais dos Encontros Nacionais de Ensino de Biologia (ENEBIO) entre 2005 e 2018, selecionando pesquisas que abordassem temas de sexo, gênero e raça. Analisamos as perspectivas raciais e de gênero apresentadas por esses trabalhos, relacionando-as com o referencial contra colonial através de categorias de análise identificadas no processo, como binarismos, neutralidade na ciência e pessoas lgbtqia + nas escolas, por exemplo. O objetivo desta análise foi compreender como as categorias de raça e gênero, permeadas por estereótipos e tabus, persistem na ciência e de que forma essas estruturas de poder se relacionam com suas origens.
Autora: Alicia Moreira de Barros
Orientadora: Mariana Brasil Ramos