Relações étinico-raciais e educação em ciências: conhecimentos tecidos no encontro com griôs de Matriz Africana

Nesta dissertação, proponho diálogos entre as inter-relações afro-ancestrais e a natureza, no âmbito da Educação Científica e Tecnológica, buscando o responder o seguinte problema de pesquisa: é possível realizar o diálogo entre conhecimentos de griôs de Matriz Africana com a Educação em Ciências? Assim, meu objetivo é investigar a possibilidade de estabelecer um diálogo entre os conhecimentos de griôs de Matriz Africana e a Educação em Ciências, valorizando a figura das griôs como transmissoras de conhecimento. Utilizei um referencial teórico embasado em teorias afrorreferenciadas, especialmente as referências afro-brasileiras. Adotei uma abordagem teórico-metodológica inspirada na co-teorização de Rappaport (2007) e no campo-tema de Spink (2003). Estabeleci diálogos com duas Autoridades Civilizatórias de Matriz Africana, pertencentes à cultura do Batuque, a fim de relacionar seus conhecimentos com a Educação em Ciências. Os resultados da pesquisa mostraram que é fundamental mergulhar profundamente na Matriz Africana para estabelecer esses diálogos e relações. É necessário ouvir os conhecimentos transmitidos oralmente com a postura de aprendiz, não apenas de analista. Por isso, a escrita do trabalho foi em primeira pessoa, inspirada nas Escrevivências de Conceição Evaristo (2020), contextualizando as experiências e vivências da pesquisadora. Dessa forma, considero que essa pesquisa representa um avanço para a Educação em Ciências, ao construir diálogos entre comunidades tradicionais e pesquisas acadêmicas.