Domingo, Junho 4, 2023
Português, Brasil
As transformações das obras de arte, ao longo do tempo, não seriam o registro mais convincente de como a geometria foi praticada e transformada historicamente? Ora, parece-nos que a pesquisa sobre geometria, seja como teoria ou disciplina escolar, leva a uma problemática, não menos importante, que é aquela ligada aos seus efeitos e modulações na subjetividade. Na Educação Matemática vê-se o agenciamento da arte para fins bem específicos: o de aprender geometria pela arte. Entretanto, a geometria não é tão somente conjunto de teoremas, conceitos e formas a serem apreendidos, ela é também um dispositivo que, impresso em nosso pensamento, nos faz falar do mundo e das coisas que nele estão, isto é, participa do jogo das relações de poder, de saber, de ser, da vida e da natureza, produzindo verdades que são reiteradas e subordinadas pelos modos de olhar, pensar e representar. Objetivos: Este artigo tem por objetivo analisar aspectos da relação entre geometria e arte que colocam em exercício uma matriz colonial do poder na Educação Matemática. Design: Para tanto, apresentam-se algumas cenas, tais como cena-corpo, cena-espaço e cena-natureza, considerando a geometria junto à arte em suas formas históricas e educacionais. Ambiente e participantes: Apoia-se na arte, na história da arte e em pesquisas que articulam arte e geometria. Coleta e análise de dados: Levantam-se exemplos do uso da geometria na arte analisando, pela visualidade, o funcionamento de uma prática que se produz e reproduz a presença e os efeitos da colonialidade do poder, do saber e do ser. Resultados: Desvela-se uma realidade ficcional geometrizada e condicionada pelos modos de olhar, pensar e representar, em que a geometria, operada com a arte, conforma-se e coloca em exercício um pensamento colonial, fomentando a desestabilização das relações de poder e saber. Conclusões: Por fim, questiona-se: estamos criando em nossas práticas educacionais possibilidades de desterritorializações, de linhas de fuga, de decolonialidade, para nos aventurar com outras atitudes dentro dos dispositivos disciplinares em Educação Matemática? É preciso, pois, pensar mais sobre as verdades colocadas do que afirmá-las: por um novo ethos ético, estético e político em Educação Matemática.
De:
Cláudia Regina Floresa
Mônica Maria Kerscher-Francoa
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