RESUMO: O objetivo deste artigo é apontar algumas contribuições de Paulo Freire, a partir de pesquisas desenvolvidas com o Timor-Leste e Brasil, além de alguns avanços para o campo da Educação em Ciências, tendo em vista uma relação com a decolonialidade e a ênfase no diálogo com as realidades locais na formação intercultural docente, bem como na abertura de trincheiras na luta contra as condições de opressão resultantes das marcas da colonialidade nos dois países. A partir do cenário em questão, as leituras freireanas, e seus desdobramentos na Educação em Ciências, foram essenciais para a compreensão do cunho assistencialista de muitas das práticas formativas propostas em solo timorense, principalmente pelas influências de países cooperantes, que variam desde os asiáticos, europeus, americanos e inclusive os do eixo Sul-Sul, tal qual o Brasil. Assim, foi possível perceber que o contexto de formação da cooperação se configurou como um ambiente em que a tensão (intercultural) se tornou essencial, por meio de processos de resistências, aqui analisadas na dialética freireana entre denúncia e anúncio. Como implicação, concluímos que olhar para a cooperação a partir de Freire é potencialmente relevante, para o avanço mais relacional, em que os sujeitos compartilham ideias, anseios, dúvidas, conhecimentos, em consonância com o viés dialógico do fazer e do planejar docente.
Palavras-chave: decolonialidade; formação de professores; educação em ciências; interculturalidade; timor-leste.
